AS ORIGENS

Históricos ilustres pensam que o Chow Chow seja um descendente de cepos primitivos, um fóssil com vida, confinado em uma área limitada do mundo. Sem dúvida o Chow Chow é uma das raças mais antigas, tanto que é muito difícil determinar a origem correta, em um remoto e misterioso período de mais ou menos 3000 anos atrás.
No clima temperado do período miocênico, de 28 a 12 milhões de anos atrás, apareceu o Hemicyon, um intermédio entre cão e urso. Seu direto descendente foi o Simicyon, de tamanho variante entre uma raposa e um urso de pequenas dimensões.




Estátua em cerâmica do período Han (150 a.C.)
representando um Chow Chow

Atualmente non é possível saber qual era a pigmentação do Hemicyon e do Simicyon, mas sabemos que ambos tinham o mesmo número de dentes. Mesmo o Chow Chow tem quarenta e quatro, mas acaba perdendo dois quando a dentição torna-se definitiva.
A língua azul é uma característica do urso da Manchúria e do azul do Tibet; com este último o Chow Chow tem em comum o focinho curto e seu corpo inscrito num quadrado.
Numa época muito posterior, a China foi invadida por tribos bárbaras de Tártaros e Mongoleses, acompanhados em suas batalhas por “Cães de Guerra”, descritos como semelhantes a leões, com aspecto feroz e com a língua azul, que eram, também, usados para a guarda e caça. A expressão usada para definir estes cães era man kou, ou seja, “cães dos bárbaros”.
A falta da detalhada documentação sobre a história antiga dos cães na China, deve-se à destruição da literatura chinesa no ano de 255 a.C., ordenada pelo Imperador Chin Shin. Apesar de tudo, muitas referências ficaram para testemunhar que estes cães com aspecto leonino viveram com as tribos do Norte.

Como caçador, o Chow Chow possuía notáveis dotes de faro, táticas inteligentes e grande força, portanto era muito apreciado pelos imperadores, que possuíam muitos exemplares nos palácios reais. Está testemunhado também, além de existirem algumas referências, por uma pintura de aproximadamente 2000 anos atrás, que retrata um apartamento imperial com um Chow Chow deitado abaixo de uma mesa, com a pelagem vermelha e com a mesma expressão do Chow atual.
A maior parte dos testemunhos que dispomos fala de um Chow de cor vermelha ou preta, mas sabe-se também que nas montanhas da Mongólia e da Manchúria os monges budistas criavam o Chow Chow azul que eram usados para defender os mosteiros e para proteger dos rebanhos.

Os monges continuaram a criar os Chows mesmo depois do fim da dinastia Tang, quando a pobreza tomou conta da nação.

Uma antiga e sugestiva lenda chinesa nos fornece uma fantasiosa explicação da estranha coloração da língua do Chow Chow.
“Centenas de anos atrás, vivia acima da montanha um monge com muitos animais, entre os quais um grande número de cães. Ele era muito gentil com eles e era compensado pelas suas gratidões”.
“Um dia o monge adoeceu gravemente, tanto que nem conseguia procurar madeira para acender o fogo para cozinhar. Assim, alguns animais, entre os quais os cães, saíram para recolher os tocos de madeira. Algumas árvores da floresta haviam sido queimadas por um incêndio e o solo ficou coberto por pedaços de carvão que os cães levaram na boca. Os macacos prepararam a comida para o velho monge até que ele ficasse curado por completo, mas as bocas e as línguas dos cães mantiveram a cor preta do carvão”.

O primeiro europeu que mencionou e descreveu o Chow Chow foi Marco Polo, que visitou a China no século XIII.
Mas até o século XVIII, o Chow Chow não era conhecido nos paises ocidentais e foi levado para a Europa por mercadores e marinheiros pela East Indian Company, como “curiosidade chinesa”.
É difícil determinar a etimologia do nome Chow Chow. A denominação mais antiga consta do século XI a.C. O ditongo ao, que significa algo de “grande e extraordinário”, provém provavelmente de uma má pronúncia ou de uma errada tradução do original Chaou, que significa “cão forte e primitivo”. No mesmo período foi chamado de mao kou, ou seja, “cão dos bárbaros” ou “cão tártaro”.
Por volta do ano 100 d.C., foram utilizados os termos mang (“cão peludo”), chao (“cão forte”), ou ti (“cão vermelho”).
O nome mais provável parece vir, muitos séculos mais tarde, do antigo chaou ou do termo tchau, que designava, em uma certa época, alguns importantes comerciantes chineses, cuja mercadoria era definida, na gíria chinesa, chow chow.





Quatro Campeões de propriedade de Mrs. Scaramanga.
Da esquerda para a direita: Theem Kwy, Red Craze, Wiggles e Hahky.
Quadro de 1905.


Quando, no final de 1800 os Chow Chows começaram a participar das exposições, foram chamados primeiramente Chinese Edible Dog ou Chinese Dog, definições que foram substituídas pela atual “Chow Chow”.
Em 1895 um grupo de amadores ingleses decidiu formar um clube da raça e a primeira reunião presidida por Mr. Temple, aconteceu no dia primeiro de julho do mesmo ano, com a participação dos mais importantes criadores. À unanimidade estabeleceu-se a formulação do padrão da raça em base ao Campeão Chow VIII, nascido em 1890 e importado da China por Mrs. Bagshaw e em seguida cedido para Mr. Temple.
Chow VIII morreu com 15 anos de idade.

Vários exemplares Chow Chow foram vendidos na exposição do English Chow Chow Club em 1895, o que tornou popular a raça.
Em 1896, o Kennel Club concedeu o estatuto de exposição de campeonato em ocasião da segunda exposição do clube. Foram reconhecidos oficialmente a raça Chow Chow e o primeiro clube inglês. Na América do Norte o clube foi fundado por Mrs. Jarret de Philadelphia em 1906. Seguiram em 1924 o Chow Chow Clube Français e o Deutschland Club.
Numerosos campeões e seus apaixonados criadores fazem parte da história da raça: Lady Granville Gordon, com seu Campeão Blue Blood, pai de todos os Chows azuis; Mr. Scriven, com a Campeã Clarissa, que tornou-se mãe de numerosos campeões; Lady Faudel Phillips com o Campeão Pusa of Amwell; Mrs. Manooch com o Campeão Internacional Choonam Brilliantine, que foi depois vendido para Mrs. Earl nos E.U.A.




Campeã Young Cheng of Amwell, criação de Lady Faudel Phillips


A partir de 1929 e durante muitos anos, as pistas inglesas foram dominadas pelo Campeão Rochow Dragon; em 1934 outro Chow fez sua estréia nas exposições até que anos mais tarde venceu em Cruft: o “grande” Choonam Hung Kwong.
Gradativamente a raça começou a ser conhecida cada vez mais.




Campeão Choonam Hunk Kwong, único Chow Chow que ganhou
Best In Show em Crufts (1936).

voltar ao topo